Convivencia

Conviver com outras pessoas não é fácil, tenho que confessar. Se com a família a coisa já não era tão tranqüila, imagina viver numa casa com várias pessoas desconhecidas. Eu sequer consigo confiar na maioria delas. E a dificuldade não é somente no relacionamento interpessoal, que no meu caso já fica mais difícil porque eu tenho a mania de querer que as pessoas sejam perfeitas, enquanto eu mesma não o sou.

Mas, além disso, vem também a desorganização, a sujeira, o barulho, a infidelidade, os maus costumes, os roubos, o egoísmo, a falta de caráter, uff.

Exemplo 1 – cada um tem seu dia para usar a maquina de lavar roupas, mas nem todos respeitam essa ordem. Às vezes você quer lavar sua roupa e não pode porque tem outras lá. Passei a fazer o mesmo.

Exemplo 2 – as roupas desaparecem enquanto estão secando. Já tive uma meia-calça desaparecida e agora uma blusa segunda-pele. A idéia inicial era que alguma das meninas tirava do varal por engano, mas a meia, por exemplo, nunca foi devolvida. Haja tempo para enganar-se com a roupa de outra pessoa né. Só não entendo porque roubam minhas roupas se elas certamente não cabem nas fofurinhas de chilenas que vivem por aqui. Deve ser por isso que não me devolvem, já que depois de uma tentativa de uso a roupa ficaria fora dos padrões para mim. Isso já está me irritando.

Exemplo 3 – jovens que nunca estiveram fora de casa ou que não tiveram mães mais preocupadas com sua evolução enquanto ser humano não têm o costume de saber fazer as coisas, e eles se esquecem que não possuem mais empregadas também. Então você encontra louça suja na cozinha, comida pelo chão, luzes acendidas durante o dia, calefator sem uso gastando gás, entre outras.

Fora o que acontece e incomoda diretamente a mim (o caso da sujeira é o que mais me deixa com os nervos a flor da pele), existem os outros casos em que incomodam aos outros, como barulhos , roubos de comida (comigo nunca aconteceu).

Nessas horas eu fico impressionada e sempre me encontro lembrando velhos tempos. Porque eu reclamava tanto da insistência que minha mãe, desde sempre, tinha em querer que eu e meu irmão aprendêssemos a cozinhar, lavar, que fossemos organizados, honestos, econômicos, e agora noto (e agradeço muito a ela) o quanto tudo isso é essencial na vida.

Ela tinha total razão em querer me ensinar a fazer arroz, feijão, carne. Ainda que tenha me ensinado a fazer comidas básicas, eu acabei aprendendo a cozinhar. Vejo as meninas aqui, elas compram macarrão e salsicha todos os meses e não sabem fazer outra coisa. Não sei se passam fome, devem comer pela rua também, mas não se alimentam bem. Nem um tomate, uma batata, algo que complemente, nem isso eu vejo na dispensa delas.

Mamãe (leia-se: Dona Gê) também me mostrou o quanto é importante ter ambientes limpos e organizados. Sei que dentro da minha casa, com meus pais, eu não respeitava muito essas regras, mas as aprendi, ainda que não praticasse muito antes (risos). Aqui na república (como chamamos casas para estudantes), não vejo muito isso. Eles não se importam se a mesa está toda suja, simplesmente sentam, comem e levantam deixando-a ainda mais suja. Não se importam se o chão da cozinha está cheio de restos de comida ou sujeira, entram e saem sem limpar. Eu não consigo fazer isso. A cozinha acabou se transformando em minha área, ali eu meto bronca em qualquer um que demonstre maus costumes. Estou sempre tentando deixá-la limpa, cheirando bem. Não da pra cozinhar e comer num lugar todo sujo como eles fazem. Não consigo.

Por essa e por outras que agradeço a Dona Gê pela insistência em me ensinar a ser alguém. Por ter tido paciência em me mostrar os caminhos mais amenos e socialmente aceitáveis. Num momento como agora eu sei me comportar como ser humano evoluído e não como animal. São coisas que adquirimos em casa, de nada vale dizer vinte vezes para quem não tem bons costumes, depois de grande, como eles, só vão mudar se realmente quiserem, e não creio que essa seja a intenção.

2 comentários:

infelizmente, mau costume é mau de todos, estive no Rio esta semana e vi um taxista parar o carro no acostamento pra mijar, o carro estava a 20m de um posto de gasolina!!! depois outro taxista passando os carros pela calçada! Sempre há maus costumes, em Maceió uma vez um guia me disse que o pior turista é o mineiro, muito alegre, mas igualmente muito porco, emporcalha tudo por onde come e anda. Outras manias feias tb se ve no 1° mundo, americanos só comprimentavam com um bomdia por mera educação, durante todo o resto do dia era só isto, nem tchau ou boa noite davam, aí eu adorava encontrar cubanos ou mexicanos na rua, povinho receptivo (latinos), não tive convívio mais particular, mas dizem ser bem porcos tb, talvez percam somente para os chineses, q aliás, para eles não é falta de educação arrotar ou peidar na hora da refeição, pelo contrário, se irritam com quem não faz isto, enfim, CONVIVER não é fácil, mas necessário e uma eterna lição

Sem duvidas que conviver é dificil, mas temos que aprender. alguns sentem mais facilidade porque nao se incomodam tanto com as diferencas, outros ja entram em panico quando notam que elas sao gigantescas. A ideia é a adaptar-se. Como voce mesma disse, nao adianta tentar muda-los constantemente, so quando perceberem que necessitam mudar é que mudarao.
Parabens pelo blog. Antes de viajar pro Chile o li e fui muito mais tranquilo com duvidas resolvidas. Abracos